Uma jovem estava em um momento romântico com seu novo namorado, quando o celular dele toca. Ele atende, diz que a ligação está ruim e sai do quarto, como que procurando um lugar para ouvir melhor. Volta uns 10 minutos depois. Ela não consegue nem olhar nos olhos dele. Sente-se profundamente desrespeitada, com muita raiva e uma sensação de traição. Tenta disfarçar, inventa uma desculpa e vai embora, sentindo enjôo e mal-estar. Ela queria gritar, xingar, acusar. Mas sabia que havia algo errado. Houve uma falta de consideração do namorado em retirar-se do quarto para falar no celular. Mas não o suficiente para causar tamanho mal-estar e raiva. Ela nem ao menos tinha certeza se realmente ele havia se afastado para que ela não escutasse a conversa. Na mesma hora em que começou a sentir o mal-estar, ela percebeu que todo aquele cenário do quarto, o celular tocando, e o namorado se afastando para falar em outro local, a levava para os sentimentos relativos às muito dolorosas traições de um antigo namorado. Aquela raiva e dor não eram relativas àquela situação específica, e sim à outra do passado.
Ela agradeceu a si mesma por não ter tido uma reação explosiva, e ter tido tempo para analisar e pensar melhor sobre a situação. Depois, mais calma, conversou com o namorado explicando-lhe tudo que tinha acontecido, prometendo-lhe que iria trabalhar para limpar esses registros e sentimentos do relacionamento antigo, e pedindo, por favor, que ele também tivesse mais sensibilidade ao atender o celular.
Quantas vezes você não reagiu a uma situação sem se dar conta que, na realidade, o que sentiu era relativo a uma situação do passado? Você costuma agir ou reagir diante dos acontecimentos de sua vida?
Em relacionamentos nos quais existe uma rotina e a maior repetição de certas situações, estamos mais sujeitos a criar reações automáticas, condicionadas a certos sentimentos. E mesmo quando a situação não é a mesma, nossas reações são. Reagimos como robôs programados pelos eventos passados. O sentimento fica tão arraigado que é difícil enxergar a realidade, pois ela é percebida com o sentimento passado registrado dentro de você, que funciona como uma lente que distorce uma cena.
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